a Justiça sem complicações |

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encomenda de advogado ganha contornos de elegância |
Dentre as muitas pessoas que conheci na minha caminhada através do mosaico, uma das mais interessantes foi, sem dúvida,
um advogado da cidade que, ao descobrir o que eu fazia, contratou meus serviços para realizar três pequenas mesas e peças
para cobrir os móveis de madeira de seu escritório. Detalhe: pediu-me que fizesse tudo em tons cinzas. Justo numa época em
que eu ainda procurava tons coloridos diversificados, buscando enriquecer minhas obras. Estava começando a minha trilha mosaicista
e o pedido soou como um desafio.
Foi um parto, mas acabei realizando tudo bem ao gosto do que ele queria. De pouco em pouco, solicitou outros equipamentos
que cobravam sempre algum tipo de exotismo na demanda, como uma peça para cobrir uma caixa de telefone, que ficava próxima
à sua mesa. E coisas desse tipo.
Mais recentemente, pediu-me um quadro (para cobrir uma sujeira na parede). Perguntei qual o desenho pretendido e ele
me respondeu de cara: Um balança!
Ora, todo artista sabe como é ingrato atender a encomendas deste tipo, sem muita margem para você exercer toda sua criatividade.
Levei muito tempo, não para realizar o pedido, mas pensando o que fazer para conciliar um pedido assim com grande limitação
artística com minha obrigação de atendê-lo. Afinal, o advogado foi uma das primeiras pessoas que acreditou no meu trabalho,
pagou bem pelas peças que fiz e, mostrou-se sempre uma pessoa amiga, verdadeira, sem sofisticação no nosso relacionamento.
Depois de algum bom tempo de meditação cheguei a este resultado, que agradou a ele e a mim: um quadro mostrando a cabeça da
estátua da Justiça, conforme modelo existente na Praça dos Três Poderes (de Alfredo Ceschiatti), e uma balança estilizada,
que lembra bem as cúpulas do Congresso Nacional.
Acho que acertei na mão, compatibilizando nossos gostos. O trabalho todo é envolvido por um tipo de pedra granítica de
tom alaranjado. Tudo muito simples, limpo e elegante.
escultura: envolvida pela ramagem dos cedros |

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Detalhe é logo percebido pelos libaneses |
Uma concessão ao Líbano
Foi ao final de 2002 que a Embaixada do Líbano inaugurou, em suas dependências da Avenida das Nações em
Brasília um espaço cultural denominado Khalim Gribran, em homenagem a um dos maiores intelectuais e artistas daquele país.
Para marcar a abertura do espaço, o Embaixador e sua sra. , Dona Áida (não sei como se escreve, mas se pronuncia
do jeito que escrevi), convidaram um grupo de artistas plásticos para uma exposição, recomendando a cada um deles que procurasse
apresentar pelo menos uma obra com alguma coisa a ver com o Líbano.
Enfim, um pedido irrecusável, sobretudo porque partiu de um casal amabilíssimo, pessoas da maior ternura,
daquele tipo de gente que emociona ao primeiro contato. De qualquer forma, assim como no caso relatado acima, dos desafios
postos por clientes do mercado de obras plásticas, o pedido implica muita criatividade para se ajustar.
Pois bem, foi então que tive a idéia (que me pareceu muito feliz) de fazer esta pequena escultura, cujo
vínculo com o Líbano foi percebido por todos os libaneses presentes à festa de inauguração, menos pelos brasileiros. A razão
é óbvia. Em torno do cabelo da moça, coloquei uma ramagem, que poucos brasileiros poderiam perceber que se tratava do tipo
de copada própria dos cedros, árvore nacional do Líbano.
Assim sendo, os libaneses que chegavam à festa, iam logo me cumprimentando: "Que bom que você exibe
um cedro, a árvore da nossa bandeira".
Enfim, o resultado foi igualmente feliz e conseguiu conciliar a liberdade criativa de meu trabalho e atender
ao pedido, muito justo, de fazer algo que tivesse a ver com o Líbano, com a cultura de sua gente.
bandeira do Líbano abriga o Cedro |

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Cedro é a árvore nacional do Líbano |
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